segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

vejo: "último romance" Los Hermanos

Eu venho te amando
(a frase não tem mesmo fim)
Percebi ao dobrar aquela esquina
quando sem ter nenhuma lembrança sua na carteira,
ou debaixo do chapéu,
no fundinho da caixa de costura

sem me lembrar de nada teu
vi passar o vento que mexe em seus cabelos aí onde agora estás
só sabia que era o vento porque ele brilhava muito
(seus cabelos estão assim agora: um tanto embaraçados, maiores que os de sempre e brilham
e fazem acender)

mas, que tropeço! que charada!
eu venho te amando... sem dar-me conta

e pensar que num dia como esse
sol, buzina, comércio, estações, conhecidos
eu, que de tanta certeza, me esqueci de voltar
fui tomada pela estripulia desse tal.

Parti para ignorânia.

Estavas aí o tempo todo... escondido, disfarçado,
não queria chegar nem puxar a cadeira e nem contar história.

Golpe baixo, viu.

Pra me vingar, banquei a sacana também.
No primeiro tempo de distração, já quando ias fechar os olhos ao descanso que querias passar

Soprei!
Soprei quase um tufão.

Se dos ventos veio, que dos ventos volte pra onde sabes morar
e pares de me atazanar.


Acordastes de sobressalto, imagino. Feito.
Não dizem que aqui se faz e aqui mesmo se paga? Então.

Traquinagens suas,
minha desforra, sei apenas de um dos resultados:

Desde este dia, não dobro mais esquinas
não abro janelas
nem subo em lugares com mais de uma pouca porção de andares e apelidei este dia do
"dia em que percebi que eu vento te amando".

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